por médicos do Hospital Municipal de Santo André
(Grande São Paulo) no sábado, 18.
Em entrevista coletiva na noite deste sábado (18), a equipe médica do hospital municipal de Santo André confirmou a morte cerebral, às 23h30 deste sábado (18), da adolescente Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, mantida refém por Lindemberg Alves, seu ex-namorado, por mais de cem horas, em Santo André.
Segundo o doutor Homero Nepumoceno Duarte, a adolescente passou duas vezes, em um período de intervalo de seis horas, por um exame que mede a taxa de oxigenação no sangue. "O teste deu positivo nas duas vezes, constatando morte cerebral", afirmou o médico.O hospital aguarda decisão da família sobre a doação dos órgãos de Eloá. Se a família decidir mantê-la ligada aos aparelhos, a falência múltipla de órgão pode ocorrer em três dias, informou a diretora do hospital Rosa Maria Pinto de Aguiar.No último boletim divulgado por volta das 17 horas deste sábado (18), a equipe médica já havia informado que a jovem estava em coma irreversível, mas, para seguir um protocolo médico, era necessário esperar mais seis horas para confirmar a morte cerebral.
O caso
Lindemberg Alves entrou no apartamento, na tarde de segunda-feira (13), e rendeu, além da ex-namorada, uma amiga dela e dois garotos porque estava inconformado com o fim do relacionamento. Os dois garotos foram liberados no mesmo dia e a menina que, apesar de ter sido libertada 33 horas depois, retornou ao apartamento a quinta-feira (16). A invasãoA Polícia Militar invadiu o apartamento por volta das 18h10 desta sexta. No mesmo horário, a Polícia Militar reunia a imprensa para uma entrevista perto do prédio --segundo a corporação, seria para comunicar o impasse nas negociações. Após uma explosão --aparentemente, uma bomba de efeito moral jogada no apartamento--, policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) entraram no apartamento --alguns pela janela. Foram ouvidos três estampidos, semelhantes a tiros. A Polícia Militar afirmou que invadiu o apartamento após ouvir um tiro e porque o comportamento de Alves, durante tarde, era muito agressivo. Alves foi preso, aparentemente, sem ferimentos graves. PM rejeita culpa por final trágicoDe acordo com a PM, os policiais só invadiram o apartamento onde Lindemberg mantinha a ex-namorada de 15 anos junto com uma amiga dela da mesma idade em cárcere privado depois que ele disparou o primeiro tiro. O comando do policiamento de choque da PM rejeita culpa pelo final trágico do seqüestro que durou mais de cem horas na periferia de Santo André (região do ABC paulista). As duas menores foram baleadas e o seqüestrador foi preso depois da ação do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar) entre o final da tarde e o início da noite de sexta.
O comandante Eduardo Félix salientou que na operação de invasão do local, o grupo só usou armas não-letais. De acordo com ele, a invasão tática só ocorre quando há risco para as vítimas e até aquele momento a polícia estava tentando que o jovem se entregasse."Ele deu o primeiro tiro e, na hora da entrada no apartamento, ele descarregou cinco projéteis contra a polícia e as moças. Dois atingiram a ex-namorada, um a amiga e um foi encontrado na parede. A outra eu não sei". Segundo fontes policiais, Lindemberg disse que não se matou porque não tinha mais munição na arma. Para o comandante, a operação era de alto risco e o resultado não foi o esperado, mas não foi culpa do Gate.Questionados sobre o uso de soníferos e gases, os comandantes disseram que essas drogas não têm efeito imediato e que as consequências são imprevisíveis quando o sequestrador possui uma arma de fogo em mãos. Além disso, afirmaram que o uso de gases poderia matar todos que estavam no apartamento, já que "cada pessoa age de um modo".
A invasão
A polícia invadiu o apartamento onde estava o rapaz e duas reféns por volta das 18h desta sexta-feira (17).
O coronel que comanda a operação, Eduardo Félix de Oliveira, afirma que eles invadiram o local porque escutaram tiros. "Ele [Lindemberg] estava irredutível. Estávamos preparados para esperar. A equipe que estava na lateral ouviu o tiro e entrou. Ele tinha cinco cartuchos disparados", afirmou o coronel.Policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar) chegaram ao local pela janela por uma escada, e pelas escadarias do edifício. Uma bomba foi estourada pela polícia antes da invasão no intuito de distrair o seqüestrador. Entre a bomba e a retirada dos ocupantes do apartamento foram cerca de dois minutos.
Imagens de televisão mostraram que as duas reféns foram retiradas, em macas, e levadas por uma ambulância. Segundo informações não oficiais, a ex-namorada foi retirada pela equipe de resgate e sua amiga saiu caminhando.
O rapaz, acompanhado de policiais, foi levado a pé até um carro da polícia, que deixou o local rapidamente. Ele passou pelo 6º DP de Santo André, onde cerca de 300 moradores protestavam em frente à delegacia, para prestar depoimento e foi levado, com forte escolta policial, ao IML (Instituto Médico Legal) do município para realizar exame de corpo de delito. Lindemberg foi para a sede da Dise (Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes), que fica ao lado do Cadeião de Santo André, onde permaneceu até a madrugada deste sábado, quando foi transferido para o Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, zona oeste da cidade de São Paulo.
Foram mais de cem horas de cárcere privado, o mais longo episódio do gênero já registrado no Estado de São Paulo.